Apocalipse
Uma gravura coletiva
Durante três semanas em janeiro de 2020, dezenas de artistas trabalharam conjuntamente no Atelier Piratininga. Foi uma experiência imersiva que vivificou enormemente o espírito colaborativo, criativo e amoroso desse ateliê, que completa neste ano 27 anos de atividade. A intensão era promover a livre colaboração entre os artistas que foram convidados, que de alguma forma tiveram participação nestes anos. Esta imersão foi inspirada por uma outra experiência anterior, de 2008, nos mesmos moldes e em que foi possível desenvolver diversos projetos, pessoais, coletivos, obras em diversas linguagens, exposições, encontros e compartilhamento de conhecimento. Naquela ocasião foi realizada uma reprodução em xilogravura de grande formato da obra de Albrecht Dürer, Rhinocerus, de 1515. E neste ano, 2020, um grupo diverso, de participantes antigos e novos, se aventurou em gravar uma versão em grande formato da xilogravura Os quatro cavaleiros do apocalipse do mesmo artista alemão, editada originalmente entre 1497 e 1498.
Tamanho total da imagem: 2,80 x 2,00m. Composta por 08 tábuas de madeira, medindo cada uma 100 x 80 cm.
Artista diretamente envolvidos: Amália Barrio, André Yassuda, Biba Rigo, Bruno Oliveira, Carol Vergotti, Cláudia Inoue, Eduardo Ver, Ernesto Bonato, Eros de Nardi, Filipe Grimaldi, Francisco Maringelli, Gabriel Zanetti, Heliete Botellho, Heraldo Candido, Ivo Muniz, Luiz Lira, Mayra Cimet, Otávio Zani, Pedro Pessoa, Priscila Corbo, Rafael Kenji, Raphael Giannini, Raphaelle Faure-Vincent, Santidio Pereira, Tiago Costa e Ulysses Boscolo.
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A gravura em partes
A gravura foi feita originalmente para ser unida após a impressão, em formato lambe-lambe, por isso foram feitas com marcas de junção para facilitar a montagem da mesma. Caso se queira colar a gravura em parede ou muro, sugerimos: para área externa, cola branca diluída em água; e para área interna, cola carboximetilcelulose (CMC) que pode ser facilmente aplicada e removida. No caso da opção por fixar a obra de forma convencional (exposta em moldura por exemplo), poderá ser feita a fixação em suportes de vários tipos, como o foamboard encontrado nas moldurarias.
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A gravura original e sua história
Apocalipse é originalmente o título de uma série de quinze xilogravuras datáveis de cerca de 1496-1498 do mestre Albrecht Dürer (1471-1528) e cujas melhores cópias existentes se encontram no Staatliche Kunsthalle, em Karlsruhe, Alemanha. As gravuras inicialmente tinham propósito de ilustrar a edição do Apocalipse de João. Pela ordem das imagens:
1. Martírio de São João, 2. Visão de Cristo e dos sete candeeiros, 3. São João e os vinte e quatro anciãos no céu, 4. Os quatro cavaleiros do Apocalipse, 5. Abertura do quinto e sexto selos, 6. Quatro anjos sustêm os ventos e os que foram com selo assinalados, 7. Sete anjos com trombetas, 8. Quatro Anjos da morte, 9. São João devora o livro, 10. A mulher vestida de luz e o dragão das sete cabeças, 11. São Miguel combate o dragão, 12. O monstro marinho e a besta com chifres de carneiro 13. Adoração do cordeiro e hino dos eleitos 14. Prostituta da Babilónia, 15. Anjo com a chave do poço sem fundo
Tendo regressado a Nuremberg, Dürer passou a dedicar-se exclusivamente às gravuras, que lhe garantiam maior rendimento do que a pintura. Por volta de 1496, Dürer iniciou um projeto ambicioso e inovador em muitos aspectos, ao preparar a edição ilustrada do Apocalipse de João, que surgiu em 1498 em duas edições, uma em latim e outra em alemão. O tema era particularmente atual com o medo difundido sobre o final do século. Uma segunda edição apareceu em 1511. O próprio Dürer realizou a impressão, usando caracteres que o seu padrinho Anton Koberger lhe enviou. Pode até admitir-se que tenha sido o próprio Koberger a sugerir o projeto, uma vez que Dürer usou como referência as ilustrações da nona Bíblia alemã, impressa pela primeira vez em Colónia em 1482 e depois publicada por Koberger em 1483. O Apocalipse foi o primeiro livro que foi projetado e publicado por iniciativa de um artista, que desenhou as ilustrações, gravou as xilogravuras e também foi o impressor. Além disso, a modalidade de ilustrações de página inteira no anverso seguida do texto no verso representava uma espécie de versão dupla da mesma história, em palavras e imagens, sem que o leitor devesse comparar cada ilustração com a passagem correspondente. Com rapidez surpreendente, o Apocalipse, e com ele o nome Albrecht Dürer, difundiu-se por todos os países da Europa e deu ao seu autor o seu primeiro grande sucesso.
Os quatro cavaleiros do Apocalipse. Livro da Revelação do Novo Testamento, Apocalipse 6 : 1-8
Xilogravura / 39,5 x 28 cm / 1497-1498 / Albrecht Dürer
fonte da imagem: Metropolitan Museum of Art, New York, USA